domingo, 12 de fevereiro de 2012

A palavra veio
E eu estava sem papel e pena
A palavra sempre arisca
saiu voando
me deixando sem poema
O suicida masoquista
não toma veneno
ou crava faca na barriga.
Não se joga de ponte
ou deita em trilho de trem.

O suicida masoquista
se mata vivendo
morrendo um dia de cada vez

domingo, 22 de janeiro de 2012

tirem daqui a perfeição
para o inferno os burocratas do correto
deixem me em paz que não sou perfeito
sou feio ,mal e cruel
e são todos por aqui
ou por ai
ou por qualquer lugar

fingem não o ser os homens corretos
ah ! não nada mais enfadonho que um homem correto
um monte de nada perfeito homogêneo

eu,sou cada vez mais aliado aos vagabundos
e amo aos alijados,
principalmente os alijados d'alma,
amo a todos que são o que são sem ser corretos.

ai de mim ser correto
e enfadonho

ai de mim ser perfeito
e ser aquilo que não sou

ai de mim ficar cego e nunca mais
admirar a beleza do imperfeito

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Zero

Via seu próprio reflexo na água,o semblante pesado e os olhos murchos,feições que não faziam justiça a idade que tinha.Mal tinha nascido o sol pegara dois baldes imensos como fazia todas a manhãs e caminhava para o rio em busca da água que abasteceria sua família pelo resto do dia .Já nem prestava atenção mais,seu corpo já sabia os pessoas que deveria dar,que deveria desviar daquele galho traiçoeiro na entrada do bosque,que deveria ter cuidado redobrado ao pisar nas pedras na descida para o leito rochoso por onde passava o rio.Unica fonte de agua nas redondezas,o rio Azul ficava escondidinho no meio de um bosque de eucaliptos,que se erguiam aos céus ,numa imensidão verde até onde os olhos cansados de Bern poderiam ver.Assim o fazia todas as manhãs,e assim o fizera hoje ,um dia normal como todos ,um dia a mais na vida de um garoto forçado a ser mais velho do que realmente era.Acordara antes do sol,se dirigira ao bosque em busca da água - e talvez de um ou outro peixe incauto que encontrasse encalhado nas rochas no fundo do rio - teria ainda de voltar a vila a fim de preparar a refeição de seu velho avô,continuar a semeadura da pequena porção de terra que possuíam,alimentar os animais,levar a produção da semana passada ao entreposto(se o velho cavalo,o único que possuíam,estivesse curado de todos os mal-estares que lhe assolavam ultimamente) .Todos esses pensamentos lhe corriam a cabeça,como se nem fossem pensamentos.Era o que tinha de fazer,não havia muito de se pensar sobre isso,não haviam-lhe escolhas ,dilemas ou duvidas.Tudo o que tinha era a certeza daquele que só tem como ambição a sobrevivência.Sobrevivia.Era isso o que fazia.Até aquele dia .

Desde pequeno Bern vivera sob a tutela de seu avô,um homem grande ,de ombros largos e barba longa cujo passado era pouco conhecido mas muito especulado .Uns diziam que fora um guerreiro no front oriental durante a guerra dos 200 anos,outros por sua vez tinham absoluta certeza que ele era apenas um louco que nunca visitava a família.Por coincidência do destino,ou para sorte de Bern,Lothar já um velho barbudo no ultimo quarto de seu tempo de vida aparecera de volta a vila,sob o pretexto de saudades de seu velho filho,justamente uma semana antes deste ser encontrado morto,afogado no leito do mesmo rio o qual seu filho hoje visita todas as manhãs.
Muito suspeitara-se de uma ligação entre a visita de Lothar e a morte de Berehus,mas nunca descobriu-se nada exato sobre o fato e o homem também não sem importara em explicar nada a ninguém.Demonstrara no entanto,enorme interesse pelo neto,ainda uma criança de colo órfã de mãe quando o conheceu.Desde então tomou para si o dever de tutelar o jovem Bern,sempre de maneira muito rígida quase militar,como se o preparasse para algum evento futuro.

Exatamente dezesseis anos ,dois meses e três dias após conhecer seu avô ,estava Bern no exato leito de morte de seu pai,não que pensasse nisso nos dias de hoje, incumbido da árdua tarefa de encher os 2 galões enormes de água ,trazendo tudo de volta derramando o minimo possível e no menor tempo possível.Mal tinha terminado de encher o primeiro e algo passou acima de sua cabeça projetando uma enorme escuridão bosque a dentro,tudo o que vira era um enorme vulto negro riscando o céu e a enorme rajada de vento que lhe acompanhou, balançando e vergando os velhos pinheiros a sua volta.Extremamente confuso e atordoado pelo evento que se passara Bern ficara cercado pelo silencio do bosque novamente e sem encontrar um explicação plausível para o ocorrido decidira voltar novamente ao trabalho com os baldes.Mas não por muito tempo.Enquanto enchia o ultimo recipiente ouviu um barulho a distancia,primeiro gritos e algo que lhe lembrava o bater das asas de um pássaro porém muito maior.Tão logo deu-se por si de que algo estava se passando no vilarejo ouviu um enorme estrondo,um som indescritível como se o céu tivesse desabado sobre a terra a soterrando debaixo de todos os seus astros.Os gritos cessaram e o farfalhar de asas que ouvira antes também,tudo o que sentia era uma enorme onde de calor,sua mente confusa imaginava sua casa soterrada por um sol caído,uma bola de fogo incandescente de tamanho incalculável.

De imediato saiu correndo em direção ao vilarejo,deixando para trás os baldes e o peixe que havia capturado,buscando entender o que se passava lá.Desviou-se de todos os galhos e troncos caídos da floresta com uma habilidade extra-humana,que nunca percebera ter ,pulando sobre rochas e valas até as duas enormes arvores que compunham um portão natural para o bosque.Ao chegar finalmente em campo aberto avistou no horizonte uma linha de fumaça e aquilo que conhecia como casa totalmente tomada pelo fogo e destruição,como se realmente o sol tivesse despencado sobre o pobre vilarejo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Em mim há um velhinho
que distribui migalhas 
às palavras que em minha mente vem pousar. 
És minha companheira.
de todas,és primeira.
Na noite amarga
és tu quem me afaga.
Quanto tão sozinho,
tenho teu carinho.

Que seria de mim nessa prisão
sem minha amada,solidão.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

The end of an age

This is the end of the age
it is time for things to change.
What you thought was right
now is wasted.
Witness the end of everything you're a part
Watch it,as your whole world falls apart.

But with the end comes the beginning
Everything's like a circle
The end will bring a new place to start.

After the end,there's the absence
the age without innocence.
After the end,the horizon is empty
but you are free to paint on it.

The end will bring you a new chance.
This is the end of this age.